Não sei quando é nasceu esta paixão pelo surf. A verdade é que muito antes de me meter pelo mar adentro, já tinha um certo fascínio pelo desporto. Talvez pelos miúdos giros na praia de Carcavelos, talvez pelo lado descontraído que lhes desenhava a alma, talvez por (ainda) achar que surf é uma dança no mar. Atiro um último talvez, o de me ter apaixonado de verdade no momento em que deslizei pela primeira espuma.
Só que gostar não é suficiente para saber surfar. Temos de entrar em todo o tipo de mar, apanhar todo o tipo de ondas, experiementar pranchas, observar com intensidade onde a onda se forma e vai rebentar, para fazer perceber o que é isto de surfar. Daí as perguntas: já te sentes confortável o suficiente para dizeres que sabes surfar? Não. E achas que tens jeito para a coisa? Também não. Mas isso não invalida o facto de eu ser apaixonada pelo mar e querer continuamente melhorar.
Ter receio de algo é humano, mas ao não sair da nossa zona de conforto, não aprendemos, não evoluimos. E isto serve para qualquer área da nossa vida. No surf, por termos de lidar com o mar, há este medo inerente às ondas, às correntes que nos arrastam e ainda a falta de confiança que nos retrai. O que é natural, mas não nos ajuda a dizer adoro surfar com a convicção de que o sabemos fazer com mais ou menos jeito. Com tempo e persistência, isto vai lá.
Não nascemos todos Kelly Slater ou John John Florence. Mas se temos vontade, devemos sempre ir surfar quando a oportunidade bater à porta, ter aulas, ver vídeos — nossos e dos outros, ler sobre a área para nos sentirmos ao nível que achamos ter (juro que acho que surfo muito melhor do que os outros acham). Se alguém pelo caminho nos disser, não tens grande estilo ou jeito para o surf, é só conversa. Garanto que tudo na vida, que venha do coração, da vontade imensa de chegar longe, é talento inato. E isso, ninguém nos tira.
#positivevibes