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O que me motiva, inspira e move

O despertador toca, todos os dias, às 05:45 da manhã. É o primeiro toque, o segundo avança 10 minutos depois. Lanço-me em flecha para fora da cama não vá o esqueleto preferir ficar na ronha. “Ai que horror, dá p’ra ficar boazona sem esse drama?”, ficou pendurada a mensagem no whatsapp na noite anterior. Em pensamento respondo: dá, claro que sim. Mas não é isso que me motiva, inspira e move.

Há privilégios que os devemos ter e viver sem questionar. Ouvir a madrugada. Sentir o nascer do dia. Vejo o sol tímido a espreitar por detrás das colinas da margem sul lá ao fundo. Sei que dali a dez minutos, um casal de idosos vai passar por mim e atirar-me com um bom dia contagiante. É já ritual e a única companhia. Estão a fazer a sua caminhada. E o que os motiva, pergunto-me. Imagino a história daquele casal. A vida já vai curta, são muitos anos nos ossos. Se ficarem a dormir, entregam-se à rotina, ao cair da tristeza. Ao caminharem ainda na fraca luz da manhã que começa a aparecer, talvez se sintam menos velhos, menos acabados. Mais preparados para o que o dia trouxer.

Não precisamos de frases de motivação, de mensagens de motivação. Apenas precisamos de viver com as melhores escolhas. Saber que o dia é maior do que a noite. Que o caminho que percorremos é fruto desta nossa escolha. Ficar a dormir ou viver o dia.

Mas esta vontade tem de vir de algum lado. Podia escrever sobre as energias, o pensamento positivo, outras tantas filosofias que têm a sua quota parte de razão. Mas o que me motiva é sentir-me mais preparada para o dia. Se eu sou capaz de acordar antes do sol nascer, vestir-me, sair no escuro para correr sozinha no meu trilho, no meu caminho, sou capaz de fazer qualquer coisa no meu dia. É esse o espírito que carrego em cada pisada. Nada me pára. Nada me impede.

Já viram a campanha da Under Armour com o Michael Phelps? Deixa a seguinte mensagem:

It’s what you do in the dark, that puts you in the light

É isto. É o que tu fazes por ti quando mais ninguém vê; o que fazes por ti, apenas por ti, quando não tens ninguém ali que define quem és no teu dia. Dai ter-vos lançado o desafio #100diasverão. É por ti, para ti. Apenas meia hora do teu dia para te sentires mais preparado para a vida.

Amanhã às 05:45?

Como superar o medo ao mar

Ainda no fim-de-semana estávamos no mar. Três aprendizes com uma imensa vontade em apenas apanhar ondas. E ali estávamos a observar o comportamento da onda, onde forma, onde quebra e às tantas chega o set e cai sobre nós. Às vezes temos tempo para mergulhar, fazer o duck dive, outras só da tempo para nos afastar da prancha e mergulhar, outras ainda, não sabemos o que fazer e lá somos atropelados pela massa de água, embrulhados durante uns metros sem saber quando voltamos a respirar. Daí o ar de pânico perante o set. Nunca sabemos o que nos vai acontecer nos instantes a seguir (mas sabemos na vida o instante a seguir?).

Pergunto-me “vou-me aguentar debaixo de água? Isto vai parar de me enrolar?”. O medo é latente. Entre aquele set, que nos fez deambular perdidos no mar, salta-nos a pergunta – mas vocês têm medo de quê? De morrer? Deu-me para sorrir meio nervosa, se calhar até tenho, pensei. Uma de nós respondeu: não é de morrer, é de sofrer. Fiquei a remoer a questão do medo. O medo do mar. O medo ao mar.

E o que tememos ali no mar, o não voltar à superfície? O não voltar a respirar? Pensa-se sempre nessa possibilidade. É inevitável. Só que este medo faz-nos respeitar os nossos limites; faz-nos respeitar o mar. Queremos sempre superar. No fundo – que é exatamente onde não queremos ficar – aprendemos a voltar à tona, a aguentar debaixo de água, a controlar a mente para nos manter calmos. O mais engraçado é saber que neste mesmo lugar, onde sentimos este pânico de sofrer, descobrimos uma emoção tão superior a nós, tão genuína: a vontade de viver, de respirar. Por maiores que sejam os receios na nossa vida, ali, entre ondas que tombam rápidas entre si, tudo se esquece excepto esta simples vontade de respirar à superfície.

Este medo ao mar faz-nos bem. Tornamo-nos mais conscientes, mais atentos à vida. Há que usar o medo em nosso favor para nos ajudar a crescer, a evoluir e deixar que nos revele quão capazes somos.

Para quem ainda não está convencido, deixo sugestões para ajudar a superar este medo, em especial para quem anda a aprender a surfar.

1. Aprende a suster a respiração com calma. Tenta fazer piscinas debaixo de água.

2. Aprende a ler o mar. As correntes, as ondas, as marés. Quanto mais souberes, mais fácil será antecipares os teus movimentos no surf.

3. Evita mar maior. Experimenta surfar em dias de mar mesmo pequeno. Conquista confiança, onda a onda.

4. Vai surfar sempre com amigos, e de preferência quem perceba o teu medo e te ajude a ganhar confiança.

5. Interpreta o teu medo. É apenas receio, nervos miudinhos ou um pânico intenso? Se for a última opção, enquanto não superares o receio, não vás surfar.

6. Estás com medo? Sorri e lembra-te que o surf é para te divertires.