Categoria: bem-estar

As minhas rotinas de bem-estar

Como mudei de vida em cinco passos

Como mudei de vida em cinco passos para atingir o meu potencial máximo @ Mar de Sal

Há uns anos que tenho feito um caminho de olhar para dentro e mudar a minha vida. Tenho, desde então, investido em mim para poder chegar onde quero. Já chegámos a dezembro, chove intensamente lá fora, e eu aproveito para refletir sobre este meu caminho. Muitos de nós, eu inclusivamente, temos a tendência para criar listas de resoluções na esperança de que alguma coisa vá mudar na nossa vida. Comigo nunca funcionou. Foi preciso mudar a narrativa, e concentra-me nestes cinco passos para atingir o meu potencial máximo.

Responsabilização pessoal

Tudo começa com a nossa responsabilização pelos nosso atos diários que inclui fazer a cama, lavar a loiça, arrumar a roupa na cadeira. Além disso, desempenhar cada um destes atos com toda a honestidade, assumir quando não cumprimos com o que nos comprometemos. A lógica é simples. Se não sou capaz de fazer a cama quando me levanto, como terei capacidade de lidar com algo maior ou riscar um item da lista de resoluções? É por aqui que temos de começar a mudar. Passo a passo para construir os nossos alicerces. Só depois, damos um passo maior. Com estrutura.

Sonhar com a vida que desejo

Dizem que por ser do signo de peixes, que sou muito sonhadora. Confesso. Eu adoro sonhar, ainda hoje gosto de me deitar na relva e ver as nuvens passar, e deixo-me levar por elas. Mas não caio redonda no chão por uma simples razão. Sei que para ter o que sonho tenho de manifestar. Quero viajar pelo mundo, criar uma marca sólida com o Mar de Sal? Então tenho de perceber que tudo é possível e não posso limitar a minha mente. Isto significa pensar, sentir e vivenciar em mim esse sonho. Depois dedicar-me ao trabalho, com a energia certa para criar os momentos e as circunstâncias necessárias para lá chegar. Manifestar não é esoterico, magia ou poético. Trata-se de treinar a mente subconsciente para a focar no sonho e a vê-lo como realidade.

Encontrar a minha melhor versão

Para o fazer, fechei-me. Passei a olhar mais para dentro. Li muito, fiz sessões de psicoterapia e dei voz às minhas crenças. Estou a aprender a substitui-las por outras mais favoráveis que me ajudem a alcançar o meu potencial máximo. Ao ler, estudo. Ao estudar, compreendo o mundo dentro e fora de mim com outra sabedoria. Que lições tiro de cada livro? O que me ensina neste momento? O que posso aplicar na minha vida? Temos de nos focar nos pontos que servem o nosso objetivo maior. Outra forma de o fazer, é encontrar pessoas que nos inspirem, que estejam a viver a vida de sonho que queremos. Como se comportam, o que fazem, que características têm e que também podes ter? Não estou a dizer para copiares integralmente porque isso tira a tua identidade e não te eleva. Que sirvam apenas de lição e inspiração para chegares onde queres.

Manter o meu foco

Where focus goes, energy flows. Gosto muito desta frase, onde estiver o nosso foco, a energia flui. Concentrar significa cortar os ramos das árvores que não deixam o tronco crescer. Contudo, não é fácil. Significa sacrificar. Além da parte mental, tenho trabalhado muito fisicamente para chegar ao meu potencial máximo enquanto amante de desporto. Por exemplo, tive e tenho de abdicar de alguns comportamentos na minha vida social, como jantar fora todas as semanas, consumir álcool, dormir mais horas, para ter a energia necessária para construir o meu corpo de sonho. Há dias que quero desistir, penso que por mais duro que trabalhe e me dedique, nada me faz chegar – ainda – onde quero. É aqui que entra a resiliência.

Construir uma mente resiliente

Ser resiliente significa ter uma capacidade de nos adaptarmos às situações mais difíceis. A melhor forma de o fazer, para mim, é testar o meu corpo. Até onde vou chegar? Consigo mais uma repetição, uma braçada, uma remada? Se começarmos dia a exercitar, estamos a equipá-lo para suportar qualquer obstáculo que possamos ter. Vamos então treinar a mente para empurrar, mesmo que seja difícil, mesmo quando possa doer, vamos endurecer a mente como o fazemos com os calos das mãos. Sabem quando os personal trainers dizem, é só mais uma repetição. É mesmo isto mas com tudo na vida. O resultado é sentir que estou no meu potencial máximo.

O resultado que noto neste trabalho é que a minha confiança na vida pessoal e profissional mudou. Sinto-me mais capaz de tudo, com outra disposição para lidar com as adversidades. Sou humana no entanto. Tenho dias em que sinto que estagnei. Faço dieta, treino todos os dias, tomo suplementos, estou a aprender a dormir melhor e mesmo assim não pareço ter resultados, ou pelo menos tão rápido quanto gostaria. Tenho de voltar ao foco, responsabilizar-me quando saio do meu compromisso, lembrar-me que a minha melhor versão requer disciplina e consistência. O Cristiano Ronaldo não é o melhor do mundo por sorte, antes por ser o melhor exemplo de tudo isto que acabo de escrever.

Na vida tudo é uma questão de pensamento

Como mudar de pensamento

Fala-se que o nosso cérebro produz cerca de 70 mil pensamentos por dia. Claro que não damos por isso, mas há uns quantos que nos são mais presentes e constantes, que acabam por ditar a nossa realidade. Isto quer dizer que podemos escolher o pensamento que queremos que molde a nossa vida. Para isso basta chegar ao subconsciente.

Mas, porque custa tanto mudar de pensamento?

Porque a vida é uma montanha-russa de situações internas, e consequentemente, externas. Há dias em que a vida custa muito. Temos de tomar decisões difíceis, como as ondas grandes ou as correntes submersas, inesperadas. Há dias em que a nossa motivação desvanece no nevoeiro matinal, dilui-se sem nenhuma força de vontade. Tudo isto por culpa do nosso pensamento. A maneira com decidimos encarar o que nos acontece. E estamos tão habituados a acreditar no não, que raramente damos crédito a um pensamento mais positivo (eu consigo tudo o que quero, eu sou capaz, eu acredito em mim). As crenças que crescem connosco, aquilo que nos ensinam na infância, tiveste boa nota mas podes fazer melhor, não faças isso ou aquilo, ou seja, nunca se é bom o suficiente. Sendo esta a nossa verdade uma vida inteira, como mudar o que pensamos?

As nossas crenças limitam a nossa capacidade de mudar o pensamento.

Temos de desconstruir essas crenças e dar a conhecer novas, mesmo que não acreditemos nelas. É uma espécie de contar tantas vezes uma história que se torna realidade. Mas vamos lá fazer isto de uma forma fácil.

 

Como mudar de pensamento

  1. Ter consciência de que somos os criadores dos nossos pensamentos. Desde crianças que estamos programados a pensar e a reagir de certa forma. Mas podemos alterar isso ao mergulhar no subconsciente. Alterando estas crenças que temos desde sempre através de afirmações subliminais, conseguimos mudar a nossa atitude perante a vida.
  2. Rodeia-te de pessoas positivas, que acreditam em ti, que têm sempre boas palavras para te dizer. No domingo, sentada na prancha, resmunguei: “estou desmotivada, não faço nada de jeito.” Lá do outside oiço, “vai Susana, tu consegues, a onda é tua!”, e foi mesmo.
  3. Pratica a visualização. Dou por mim, a sonhar acordada, no lugar onde quero estar. E com esta vibração, sei que vou chegar. Ver o objetivo que queres alcançar, deixa-te com uma força de vontade tão mais leve e feliz.
  4. Aprende a meditar. Fecha os olhos no caos e mergulha em ti. Aprende a limpar os pensamentos, a tirar de dentro de ti o que não interessa. Treina a tua mente através da meditação.
  5. Vive a tua vida com gratidão. Planeia o teu dia, investe tempo para fazeres o que gostas, mantém foco nisso, e sente-te bem pelas coisas que tanto aprecias. Se te sentires grato ou grata pelas coisas mais pequenas na tua vida, vais sentir-te nas nuvens e acumular uma crença em ti que tens tudo o que mereces porque assim escolhes.

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solivagant, a arte de descobrir o mundo sozinha

Ainda que eu faça parte de uma geração mais aberta às liberdade de cada um, há sempre um olhar de desdém para nós mulheres sozinhas. Porque a idade passa, porque não devemos escolher uma vida de amor-próprio, porque a sociedade quer-nos comprometidas.

Solivagant, a arte de descobrir o mundo sozinha ou a coragem de viver a liberdade em plena expressão.

 

Não vejo a vida assim, felizmente. Estou ao encontro da minha paz e isso não se conquista a dois. É assutador, desconfrotável, faz-nos questionar bastante sobre os objetivos de vida, apela a uma claridade mental que poucos conseguem entender. Faz-me crescer, ser talvez mais egoísta, apreciar mais o momento presente, e ser grata pela oportunidade de viver a vida como se ambiciona.

Não quero com isto dizer que ter um parceiro ou parceira de vida é algo negativo. Apenas que fazer-me à estrada sozinha, rumar a sul apenas com a prancha de surf no carro, é igualmente positivo.

Nos dias em que flutuo sem rumo, a vida obriga-me a sair da casca, a abrir a alma ao desconhecido, a vencer os receios. Acima de tudo, a fazer-me sentir bem porque estar sozinha não é um fardo, nem falhanço. É liberdade na sua máxima expressão. E quem me tira isso, tira-me a vida. Tal como tirassem as ondas do mar.

Que estas palavras incentivem todas as mulheres, miúdas e graúdas, a fazer a mala com as experiências de vida sem medo de continuar.

Se pensarmos bem, nunca estamos realmente sozinhas

(eu estou aqui).

Os segredos para uma pele de surfista

No verão queremos pele salgada e bronzeada, reluzente e hidratada também. Para que a vida de sal se mantenha por perto tenho certos rituais de beleza para me darem o ar de praia ano inteiro. Os meus segredos para uma pele de surfista.

Óleo de coco

Podes usar na cozinha, mas confesso eu gosto de usar o óleo de coco no cabelo e como hidratante para o corpo. Tento comprar a versão orgânica, mais sustentável para o ambiente e saudável para a pele. Depois do banho, aplico com massagem nas pernas, barriga e braços deixando a pele super macia e brilhante. O toque de praia sobressai com o cheirinho maravilhoso do coco.

Água com pepino

Não me deixa salgada, mas extremamente hidratada. O clima aqui na Suíça é muito seco, faz com que a minha pele fique meio deserto do Saara. Acrescento umas rodelas de pepino à minha água e vou bebendo ao longo do dia. Ter cuidado com a pele é essencial para quem faz surf porque a exposição ao sol é sempre muita. Portanto, há que focar nos bons hábitos ano inteiro.

Esfoliante de café e coco

Volto ao óleo de coco, mas desta vez com o café que resta nas cápsulas da Nespresso. Pelo menos três vezes por semana passo este esfoliante no banho. Ajuda com a circulação sanguínea, a remover a tal pele desidratada e a manter um bronzeado duradouro, sem manchas. Experimenta para ver.

Banhos de sal

Encontrei num supermercado na Alemanha sal para banhos, do mar Morto. Uma forma de fazer detox às energias pesadas da semana e de repor o sal na pele de surfista, que tanto pede pela distância que tenho hoje ao mar. Deito duas a três mãos de sal na banheira, umas gotas de óleo essencial de alfazema e alecrim e deixo-me de molho. No entanto, e sendo consciente, banheira cheia de água não é uma forma de vida sustentável. Troca-se fácil colocando apenas os pés de molho.

No surf sossegado de Basileia

Há uma certa inquietação ainda latente em mim… um acordar madrugador para espreitar a primeira maresia para o surf. Aos poucos, no entanto, tenho vindo a sossegar a mente e a aceitar que a minha realidade é e será esta, durante os próximos tempos, longe do mar. Não deixo o Carver de parte, sempre que posso finjo estar na água a deslizar pela parede da onda. É uma questão de imaginação fértil e sentir o sopro na pele que a velocidade do skate provoca para me fazer reviver um pouco a boa energia de seduzir uma onda (de alcatrão, eu sei). Mas é assim que tenho passado o tempo, nas calmas, a aprender a gostar deste sossego por Basileia.

O que ajuda também é a descoberta da cidade de bicicleta, as idas ao ginásio onde a consistência dos treinos se focam nos movimentos do surf, na agilidade, na resistência cardio. Fica apenas em falta o regresso a um estúdio de yoga para me ajudar encaixar mais um pouco a minha vida nesta vida dos Alpes… e libertar-me do irresistível vício do chocolate (eterna luta, confesso). Dez meses volvidos e só agora é que sinto que posso conquistar certas glórias por aqui – as saudades de casa fazem-me nos comer desmedidamente, coisas boas, coisas não tão boas em especial a quem se dedicou nos últimos 4 anos a comer de forma mais consciente e saudável. Mas como disse, aos poucos, este surf sossegado de Basileia está-me a levar a bom porto.

Por algum motivo, um bom motivo, a vida lá me mandou para estas bandas. Hoje não sei a resposta mas não tarda terei sentido para esta experiência. Dela, só levarei de volta coisas positivas. Com toda a certeza.

 

 

5 pilares de Dorian Paskowitz para uma vida cheia de saúde e surf

Quando ganhamos admiração por alguém e ficamos com o vazio de nunca poder conhecer, conviver com essa mesma pessoa, é o que sinto, depois de aprender um pouco sobre a vida de Dorian ‘Doc Paskowitz no documentário Surfwise. Um surfista, médico judeu, que abandonou as convicções de uma vida estandardizada para criar uma família de 9 filhos numa velha carinha e muito surf. O meu objetivo não é convencer ninguém a fazer o mesmo, quero antes passar as mensagens vitais de Dorian, o homem que levou o surf até Israel e colocou a saúde em sintonia com o mar.

Para Doc, o surf estava intimamente ligado à saúde, ao viver bem, com longevidade. No livro “Surfing and Health” fala sobre cinco pilares que fazem isso acontecer: dieta, exercício, descanso, lazer, e atitudes da mente. Admirei-o pela franqueza com a qual interpretou a vida, a humildade de não querer ser uma ovelha no rebanho, e destreza de perceber que numa vida ligada ao mar facilmente se atingem os cinco pilares, logo a longevidade. Doc faleceu a 14 de novembro de 2014 com 93 anos, apesar de todas as mazelas que o envelhecimento traz, acreditava que a “saúde é a presença de um estado de bem-estar superior, um vigor, uma vitalidade, uma energia (garra) para a qual tens de trabalhar todos os dias da tua vida,” (tens trabalhado para isso?).

#Dieta

A alimentação importa a todos, não apenas a atletas de alta competição. Esta palavra significa que sabemos fazer escolhas conscientes para o nosso corpo e sentir a plena energia proveniente dos ingredientes naturais. Neste sentido, um pouco extremista talvez, Doc dizia que não queria fazer nada que fosse diferente do comportamento dos nossos primatas. Se comem maçã sem casca, nós também vamos tirar a casca.

#Exercício

Nunca na vida seremos completamente saudáveis se mantivermos o exercício físico longe da vista, longe dos músculos. Doc levava os filhos a surfar todos os dias. Caminhar igualmente todos os dias 10km, correr, praticar alguma atividade que nos dê prazer faz com tenhamos força de vontade, coragem, audácia e consequentemente, mais saúde. Para Doc, o surf é o desporto que devolve a vida ao corpo. Eu, subscrevo, atentamente.

#Descanso

Dormir é tão importante quanto beber água. Desligar o motor e entrar em descanso profundo para recuperar as células do nosso dia desgastante (isto porque quase ninguém larga a vida que tem para andar de caravana à procura da melhor onda, se sim, dá-me coragem para o fazer). Dormir 8 horas por dia. Dormir bem. Todos os dias.

#Lazer

O que é a vida sem prazer, sem nunca fazermos aquilo de que gostamos? Ler, escrever, praticar yoga, jantar com amigos, passar bons momentos seja no que for. Vivenciar uma experiência que nos dê prazer deixa-nos mais felizes, relaxados, menos propensos a pensamentos negativos e isso traz saúde, vitalidade. E cereja no topo do bolo, incluir gargalhadas vindas da alma.

#Atitudes da mente

A sabedoria vem da intenção, da experiência e de encontrar coragem. E tudo isto permite uma vida mais positiva, resiliente. Doc viveu até aos 93 anos com problemas de saúde crónicos – asma e artrite – ainda assim, o surf susteve-o durante todos os seus dias. Ali encontrou no pensamento positivo e forte, a forma de contornar os problemas, chutando para canto o que não interessava.

Quem me acompanha desde o início do Mar de Sal, sabe que tenho vindo a trabalhar esta transformação em mim – a de me tornar mais saudável. Procuro continuamente inspirar-me em indivíduos únicos como Dorian Paskowitz; procuro acordar todos os dias grata pela oportunidade do dia, de enxotar os pensamentos negativos, de recusar açúcar e outros alimentos não naturais, de encontrar um desporto (na ausência do meu surf) que me deixe feliz, cheia de vitalidade, de descobrir sempre a melhor forma de viver eternamente aqui e agora.

E tu alinhas a fazer o mesmo?

Health is a presence of a superior state of wellbeing, a vigor, a vitality, a pizzazz you have to work for every single day of your life.

Resoluções simples para o resto da vida

Uma lista de resoluções para sempre, mas que podemos começar a praticar em 2017.

Todos pensamos em resoluções para o ano novo, está mais do que enraizado na nossa sociedade mas, quem cumpre até ao fim? Eu não, assumo a minha responsabilidade. Ao longo do ano há resoluções que caem no meu esquecimento, por isso, ainda antes deste ano novo começar, decidi criar uma lista de resoluções conscientes para o resto da minha vida. Aqui partilho.

Aprender o poder do agora. Tanto falo nisto… e escrevo também. Viver o momento presente é para sempre. Quando aprendemos a desligar do passado, que vinga constantemente na nossa memória, nas nossas decisões; quando aprendemos a relativizar as questões da vida, e sentir apenas o que importa, estamos simplesmente presentes. Aqui e agora. Isto implica meditar, respirar fundo, apreciar o que temos à nossa volta. Não ansiar o futuro ou chorar o passado. Esta coisa do hygge que nos ensina a viver as boas experiências do dia-a-dia em casa, na melhor companhia, como beber um chá em frente à lareira, sem sentimento de culpa ou pressão. Saborear simplesmente vida. Uma resolução para adoptar sempre, o estar e o viver o presente.

Menos vida virtual. Contra mim falo, que vivo ligada ao universo digital. Mas não sejamos extremistas. Há dias, numa visita ao Oceanário, reparei que ninguém apreciava os animais. Aqueles monstros aquáticos, que majestosos nadavam, e os nossos olhos ignoravam… Todos registavam o momento apenas para partilhar nas redes sociais. A vida virtual. Vamos combater essa preguiça instalada de guardar na memória os momentos e as fotografias. Que tudo seja documentado em nós e não nas redes sociais. Fazer disto uma missão de equilíbrio para a vida.

Manter foco no minimalismo. Quando me propus a criar o Projecto 21, a intenção era a de passar mensagens de como viver uma vida tão mais feliz com muito menos. Que seja um para todos nós um projecto eterno este de limpar a mente, as emoções e os nossos espaços físicos dos excessos que criamos, compramos, consumimos. Que se abra espaço para os sentimentos bons, o amor, a compaixão, o perdão, a paciência. Uma entrega absoluta a uma vida mais serena, mais feliz. E isto, deve ser feito, sempre.

Como gerir o stress ao longo do ano

A melhor sensação que podemos ter é o desligar da vida rotineira, seja quando vamos de férias ou quando nos entregamos a algo que nos dê sossego ao espírito. Comigo resulta o surf e o yoga. De resto, gerir o stress que o dia-a-dia me provoca, é ainda caminho por desbravar. Falei, por isso, com a psicóloga clínica Isa Silvestre, autora do livro “Como Gerir 1 ano de Stress”, para me passar soluções práticas para atenuar as ansiedades diárias.

Para quem como eu vive na cidade é difícil não sentir stress. Esta rotina que nos obriga a andar de transportes, no trânsito, a cumprir horários e metas de trabalho ou até pelas intermináveis tarefas de casa, andamos sempre sob pressão. Por causa disto tudo, eu procuro viver em harmonia com a natureza para me acalmar os nervos. É irrecusável o convívio apaixonado com o mar ou as minhas sessões de yoga no parque, mas nem sempre estou disponível para estas práticas. Então, como lidar com o stress nos restantes momentos? Conversei com Isa Silvestre, psicóloga clínica e que publicou recentemente um livro, nem a propósito, sobre o stress, para me esclarecer mais sobre o tema.

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O que é o Stress?

O Stress é uma reação natural do organismo perante uma situação inesperada, de especial tensão ou de intensa emoção, que pode ocorrer em qualquer pessoa, independente de idade, raça, sexo, situação socioeconómica. Quando o stress persiste no tempo pode ser definido como “um desgaste do organismo”. A nossa reação contém sensações físicas e psicológicas que causam mudanças químicas no corpo.

Para algumas pessoas o stress permite que estejam mais atentas e estimuladas nas tarefas. É o stress positivo que nos ajuda a manter o foco no objetivo que pretendemos alcançar, favorecendo a energia e o estado de alerta. É útil para os atletas de competição; durante uma apresentação estimula a nossa concentração e foco; quando estamos cansados conseguimos concentrar-nos e ter energia para concluir um trabalho.

Mas o stress também reativa sentimentos de angústia, medo de falhar e tensão. Quando atinge níveis excessivos, o stress pode mesmo ser o maior responsável por situações depressivas.

O stress manifesta-se através de sintomas físicos de stress como a tensão muscular, as dores de cabeça, cansaço, sonolência, alergias, como a comichão na pele. Os sintomas comportamentais e cognitivos traduzem-se por agitação, dificuldade em cumprir responsabilidades, adiar as tarefas, pensamentos ansiosos, preocupação constante, dificuldades de memória e em tomarmos decisões. E, em termos emocionais, podem haver manifestações de choro, irritabilidade, nervosismo, tristeza e depressão.

É sob diferentes formas que o stress pode prejudicar a nossa motivação e ânimo para as relações sociais e familiares; o nosso poder de concentração e de memória nos estudos e no trabalho.

Casos práticos: quando somos confrontados com uma situação entusiasmante (estamos extremamente contentes, por exemplo, ganhar o euromilhões) ou com algo difícil (um problema para resolver, por exemplo, estar desempregado), o stress manifesta-se através do nosso corpo e da nossa mente. Estas duas situações provocam no nosso organismo as mesmas reações: ritmo cardíaco acelerado, aumento da tensão arterial, suores das mãos, aumento da nossa capacidade de concentração e atenção, e também uma subida da nossa motivação e disposição para agir. Assim, podemos dizer que o stress é o conjunto destas reações físicas e psicológicas, enquanto que o motivo que provoca determinadas reações é o fator stressante.

Que fatores influenciam o stress?

O stress é considerado a “doença dos tempos modernos”. O ritmo acelerado do dia a dia, as preocupações diárias, a forma como reagimos às exigências da vida pessoal e profissional, pode causar sentimentos de fúria, baixa autoestima, isolamento, falta de concentração, apatia, choro, dores de cabeça, falta ou excesso de ou apetite exagerado, entre outros sintomas. Regra geral, as preocupações diárias do dia-a-dia tem, normalmente, grande impacto na saúde mental e física.

Assim, sendo quase impossível evitar o mal estar causado pelo stress, é importante identificarmos os sintomas de alerta para um “estado de stress” e aprendermos as técnicas necessárias para lidarmos e gerirmos com este distúrbio e, assim, recuperar a qualidade de vida.

O que podemos encontrar no livro “Gerir 1 ano de stress”?

Este primeiro livro adere a uma escrita ilustrada por casos práticos e com estratégias comportamentais, motivando o leitor a uma introspeção pessoal e às mudanças desejadas. Aborda os momentos do ano que são causadores de stress, descrevendo os sintomas de alerta para um “estado de stress” e as técnicas fundamentais para lidar e gerir com este distúrbio, o que permitirá uma aprendizagem sobre a regulação das emoções de maneira eficaz e resgatar a qualidade de vida:

  • No ano novo, onde nos comprometemos com muitas mudanças. Mas depois fica tudo na mesma e lá vem a frustração e o stress.
  • As férias que devem ser relaxantes, mas as expectativas, as despesas, as mudanças de hábito, e o regresso ao trabalho deixam-nos stressados e cansados.
  • O regresso às aulas, que é para muitas famílias motivo de preocupação devido aos horários, às despesas com o material escolar, à reorganização familiar.
  • O emprego que é cada vez mais competitivo. A crise financeira; as situações inesperadas de stress e de morte na família.
  • O Natal que implica inúmeros compromissos e afazeres que causam stress.

O que te motivou a publicar este livro?

O tema deste livro surge da minha experiência profissional em diferentes contextos, com diferentes tipos de população e de intervenção, como o contexto escolar e clínico. Uma das queixas mais frequentes nos diferentes contextos de intervenção psicológica é o stress e a ansiedade.

Dicas práticas para gerir o stress no dia a dia

1. O stress e a ansiedade podem provocar alterações no nosso padrão de sono. No entanto, dormir bem é fundamental para regular os humor e os níveis de ansiedade.

2. Praticar exercício físico, ouvir música, conviver com os amigos/família, fazer simplesmente o que gostamos. Ou seja, ter um momento do dia ou da semana dedicado a nós: “o meu tempo”.

3. Fazer uma boa gestão do tempo, definindo objetivos realistas para nós próprios. Na maioria das vezes existe uma sobrecarga de tarefas a cumprir que, no fim, causam apenas sentimentos negativos (frustração, desilusão). 

4. Expressarmos as emoções e os sentimentos. É, igualmente, importante sermos assertivos, aprendendo a colocar limites (dizer que não) às situações tóxicas.

E quando é que o stress deixa de estar sob controlo…?

O problema surge quando o stress e a ansiedade são sintomas excessivos, devido à sua intensidade, frequência e duração no tempo, conduzindo a falhas no processo de raciocínio e no desempenho de algumas situações e atividades diárias. É frequente existirem pensamentos como: “algo horrível vai acontecer”, “não me consigo concentrar”, o que, por sua vez, tem efeitos nefastos no sono e nas relações pessoais. Alguns exemplos clínicos: o ato de entrar para um elevador ou estar perto duma varanda num andar elevado pode ser vivido com muita intensidade e sofrimento para quem está a vivenciar ansiedade patológica porque avalia a situação com uma elevada probabilidade de ocorrência de um acontecimento negativo ou catastrófico; um simples encontro social pode ser vivido com enorme ansiedade e apreensão porque é interpretado como uma situação humilhante e embaraçosa (fobia social).

Todos nós temos os nosso limites que são diferentes de pessoa para pessoa. É importante procurarmos acompanhamento psicológico ou psicoterapia quando sentimos que os efeitos do stress está a ter consequências no nosso humor (irritabilidade, tristeza), no sono e, de forma geral, nas atividades do nosso dia-a-dia. Na maioria das vezes o stress negativo ou patológico leva ao desenvolvimento de quadros clínicos graves como as perturbações de ansiedade, ataques de pânico, depressão.

"Como gerir 1 ano de stress", Isa Silvestre