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Silhueta do nosso litoral

regressar a casa e ao surf

Bate sempre uma saudade mais apertada quando o avião contorna a silhueta do nosso litoral e se faz à pista sobre o mar, debruçando-se nesta travessia entre a Costa da Caparica e o centro de Lisboa. Neste momento, de quase chegada, a alegria sobe-me à cabeça. Bate forte a saudade. Bate forte a paixão de voltar. Ali naquele instante sei que sempre terei alma lusitana. Confesso que a passagem por casa é sempre curta, demasiado curta para fazer tudo o que quero, para ter o mar que me dá prazer surfar, de regressar ao yoga, às caminhadas à beira-mar, à descoberta de Lisboa renovada aos turistas. Não consigo encaixar tudo; vou sempre embora com a sensação de incumprimento.

Mas depois pego na prancha. Levo-a vezes sem conta comigo, decido no momento se devo ou não entrar no mar. Quando decido pelo sim, dou por mim a aprender mais uma lição. Aceitar com serenidade o que o mar me dá. Pode não ser o melhor mar, de ondas perfeitas, sem correntes ou agueiros, mas é o mar que me ensina a acalmar e a aceitar aquilo que ele me dá, de livre vontade, sem questionar seja o que for. Dá como pode, quando pode. E assim é a vida. Deu-me a possibilidade de voltar a casa por uns dias com sol rasgado e pés na areia. Só posso estar grata. Nada de incumprimento. Agora está na hora de voltar à rotina, cheia de vitamina.

#wavestories: E gosto tanto

Mar de Sal - Susana Gomes

Piso a areia ainda humedecida pela noite. Os grãos chegam-se a desenhar cinzentos pela praia fora. Vislumbro a espuma branca; com ela viaja a fragrância agridoce da maresia. Neste momento, composto de tudo e nadas, puxo o fato para cima – sinto aquele nervo miúdo a romper pela minha espinha como um ligeiro formigueiro que sobe e aquece a alma. É a antecipação de me entregar ao mar.

Entro em vagar. Pé ante pé. Levemente deixo-me ser beijada pela água cintilante da madrugada. São seis da manhã. A prancha segue ao meu lado. É uma sensação plena, onde me sinto completa. A comunhão de todos os meus melhores e piores sentimentos que ali fluem. Diluem. Por mar adentro.

Passo a primeira rebentação, prancha para o fundo do mar e com ela, o meu corpo trémulo de ansiedade, deixa-se afundar. Lava-me a alma. Ao vir ao de cima, sorrio. Um raio de sol tímido arrasta-se nas calmas pelo imenso azul. Chega-se a mim sem pudor, ilumina-me os bancos de areia por debaixo dos meus pés. Vejo-lhe os segredos.

Sempre que entro no mar, dispo-me de preconceitos. Onda após onda. Em queda livre.

E gosto tanto.

Como desligar a mente durante as férias

Férias. Finalmente chega a hora de quebrar a rotina e relaxar. Mas será que conseguimos desligar? Infelizmente não funcionamos por botão. Há sempre algo que nos perturba o inconsciente e não nos deixa aproveitar este merecido sossego na sua plenitude.

Ir de férias, por mais breves que sejam, é um compromisso de honra com a nossa alma. É dizer às rotinas que as vamos deixar por uns dias, ao clientes que não estamos disponíveis, às redes sociais que estamos offline, à família que precisamos de um tempo. E quando arrancamos de férias, será que nos desligamos de tudo isto? Não. Mas podemos tentar. Eis a minha lista.

Meditar a qualquer hora do dia, em qualquer lugar. Eu medito nas aulas de Hatha Yoga, e sempre que posso, na praia. O som do mar tranquiliza-me e ajuda-me a desligar. Por isso, nestas férias temos de aproveitar bem os momentos para esquecer o mundo e dar inicio a esta viagem interior.

Caminhar na natureza. Seja a beira-mar, no campo ou no meio das árvores, todas as caminhadas em comunhão com a natureza e de preferência sem wi-fi, é a cura para qualquer mente acelerada.

Visitar lugares inóspitos ou remotos. Um sítio que nos faça sair da zona de conforto e encontrar respostas às questões inquietantes (que até agora não nos deixaram desligar) ou que nos faça simplesmente não pensar em nada que tenhamos na bagagem, apenas admirar o que temos aos nossos pés.

Experimentar algo novo. Como a nossa cabeça não foi concebida para estar completamente desligada, a novidade liberta-nos das tensões que trazemos. Encontrar um bom desafio – como um aula de surf ou yoga – são as hipóteses a ter em conta (palavra de yogini).

Respirar. Ou melhor, aprender a respirar. Se estamos com a mente inquieta, respiramos de forma mais acelerada. Portanto, nas férias devemos ter tempo para aprender a respirar de forma tranquila e ritmada para que nos conduza à paz interior, ao controlo dos impulsos, e consequentemente, à libertação da mente.

Dito isto, vou estar offline a partir deste fim de semana. Vou praticar yoga, meditar e aproveitar o tempo em família, na praia a surfar. Sejam felizes. Prometo regressar dia 15 com mais energia e novidades no Mar de Sal.

Como o mar atua a nossa mente

Há memórias tão vívidas em nós, não há? Ontem enquanto descansava sentada na areia molhada em frente ao mar lembrei-me da primeira vez que o vi. Tinha vindo muitas vezes de férias a Portugal para ir à praia, mas foi numa tarde no princípio do verão na Figueira da Foz que vi, conscientemente, pela primeira vez, o mar.

Fiquei maravilhada. Algo naquele imenso azul, caótico, forte, estridente que simultaneamente me acalmava, apaixonava, me fazia continuamente flutuar.

É dessa forma que ainda hoje me sinto diante do mar. Tanto quanto sei, rara a pessoa que não tenha boas vibrações dali. Portanto, cada momento perto do mar é para se aproveitar e deixar a mente entrar no estado zen.

#1. Faz pausa ao pé do mar

Ver e ouvir a água significa que a nossa mente vai de férias. Dá-nos esse descanso. Estamos rodeados de ruído, e chegamos ao final do dia cansados deste bombardeamento de informação constante. Por isso, quando quiserem relaxar o melhor é ir dar um passeio à beira mar. O som da água é muito mais fácil para o nosso cérebro assimilar do que aquilo que presenciamos no dia-a-dia. Depois, como não tem de trabalhar arduamente para processar, ficamos mais relaxados.

#2. O mar ajuda a meditar

Quando estamos diante do mar, as horas passam e não damos por isso. Facto. O oceano tem esse efeito calmante em nós. Já agora, ao estarmos ali presentes, podemos aproveitar o momento para meditar. Para quem pratica hatha yoga basta aplicar alguns pranayamas que voamos rápido. Associada a esta meditação estão aqueles benefícios que todos procuramos: estado de calma profundo, sem sentir stress e ansiedade, com clareza mental, e consequentemente melhoramos a nossa disposição.

#3. Melhora a criatividade

Eu não canto no chuveiro, tenho pena dos canos que possam eventualmente ouvir a minha capacidade vocal desafinada. Mas é no banho que tenho muitas vezes ideias para escrever (tal como esta sobre o benefício do mar). Isto porque ao estarmos relaxados o cérebro tem tempo para desempenhar novas ligações neuronais. Efeito colateral da água.

Resumindo, a água do mar (ou a água em geral) tem esta enorme capacidade de nos atrair e fazer a mente funcionar com uma calma que não conquistamos na semana atribulada. Para quem estiver na praia, é só relaxar. Quem não tiver mar por perto, um rio ou um duche já ajuda a sossegar a mente.

Como superar o medo ao mar

Ainda no fim-de-semana estávamos no mar. Três aprendizes com uma imensa vontade em apenas apanhar ondas. E ali estávamos a observar o comportamento da onda, onde forma, onde quebra e às tantas chega o set e cai sobre nós. Às vezes temos tempo para mergulhar, fazer o duck dive, outras só da tempo para nos afastar da prancha e mergulhar, outras ainda, não sabemos o que fazer e lá somos atropelados pela massa de água, embrulhados durante uns metros sem saber quando voltamos a respirar. Daí o ar de pânico perante o set. Nunca sabemos o que nos vai acontecer nos instantes a seguir (mas sabemos na vida o instante a seguir?).

Pergunto-me “vou-me aguentar debaixo de água? Isto vai parar de me enrolar?”. O medo é latente. Entre aquele set, que nos fez deambular perdidos no mar, salta-nos a pergunta – mas vocês têm medo de quê? De morrer? Deu-me para sorrir meio nervosa, se calhar até tenho, pensei. Uma de nós respondeu: não é de morrer, é de sofrer. Fiquei a remoer a questão do medo. O medo do mar. O medo ao mar.

E o que tememos ali no mar, o não voltar à superfície? O não voltar a respirar? Pensa-se sempre nessa possibilidade. É inevitável. Só que este medo faz-nos respeitar os nossos limites; faz-nos respeitar o mar. Queremos sempre superar. No fundo – que é exatamente onde não queremos ficar – aprendemos a voltar à tona, a aguentar debaixo de água, a controlar a mente para nos manter calmos. O mais engraçado é saber que neste mesmo lugar, onde sentimos este pânico de sofrer, descobrimos uma emoção tão superior a nós, tão genuína: a vontade de viver, de respirar. Por maiores que sejam os receios na nossa vida, ali, entre ondas que tombam rápidas entre si, tudo se esquece excepto esta simples vontade de respirar à superfície.

Este medo ao mar faz-nos bem. Tornamo-nos mais conscientes, mais atentos à vida. Há que usar o medo em nosso favor para nos ajudar a crescer, a evoluir e deixar que nos revele quão capazes somos.

Para quem ainda não está convencido, deixo sugestões para ajudar a superar este medo, em especial para quem anda a aprender a surfar.

1. Aprende a suster a respiração com calma. Tenta fazer piscinas debaixo de água.

2. Aprende a ler o mar. As correntes, as ondas, as marés. Quanto mais souberes, mais fácil será antecipares os teus movimentos no surf.

3. Evita mar maior. Experimenta surfar em dias de mar mesmo pequeno. Conquista confiança, onda a onda.

4. Vai surfar sempre com amigos, e de preferência quem perceba o teu medo e te ajude a ganhar confiança.

5. Interpreta o teu medo. É apenas receio, nervos miudinhos ou um pânico intenso? Se for a última opção, enquanto não superares o receio, não vás surfar.

6. Estás com medo? Sorri e lembra-te que o surf é para te divertires.