Ainda que eu faça parte de uma geração mais aberta às liberdade de cada um, há sempre um olhar de desdém para nós mulheres sozinhas. Porque a idade passa, porque não devemos escolher uma vida de amor-próprio, porque a sociedade quer-nos comprometidas.
Solivagant, a arte de descobrir o mundo sozinha ou a coragem de viver a liberdade em plena expressão.
Não vejo a vida assim, felizmente. Estou ao encontro da minha paz e isso não se conquista a dois. É assustador, desconfortável, faz-nos questionar bastante sobre os objetivos de vida, apela a uma claridade mental que poucos conseguem entender. Faz-me crescer, ser talvez mais egoísta, apreciar mais o momento presente, e ser grata pela oportunidade de viver a vida como se ambiciona.
Não quero com isto dizer que ter um parceiro ou parceira de vida é algo negativo. Apenas que fazer-me à estrada sozinha, rumar a sul apenas com a prancha de surf no carro, é igualmente positivo.
Nos dias em que flutuo sem rumo, a vida obriga-me a sair da casca, a abrir a alma ao desconhecido, a vencer os receios. Acima de tudo, a fazer-me sentir bem porque estar sozinha não é um fardo, nem falhanço. É liberdade na sua máxima expressão. E quem me tira isso, tira-me a vida. Tal como tirassem as ondas do mar.
Que estas palavras incentivem todas as mulheres, miúdas e graúdas, a fazer a mala com as experiências de vida sem medo de continuar.
Se pensarmos bem, nunca estamos realmente sozinhas
(eu estou aqui).