As correntes levam a água salgada a percorrer milhas infinitas. Eu tenho a certeza que vai e volta, não perece no mesmo lugar. Também acredito que esta magia natural corre nas minhas veias. Vou de um lado para o outro, retorno, mas nunca fico demasiado tempo no mesmo lugar. Pela (novamente) primeira vez, em 25 anos, a vida afastou-me do mar. Estou de passagem numa nova experiência e essa decisão custou-me o surf, a praia, a vida boémia ligada ao sal.
Mas alma de surfista será sempre de surfista, esteja onde estiver. Rodeada de montanhas, neve, julho chuvoso, serei surfista. De pele esbranquiçada, cabelo escurecido, serei surfista. Mal humorada pela ausência de sol, apática pelo inaudível som tranquilizante do swell, serei surfista porque corre em mim água salgada nas veias.
Hoje mergulho no rio frio. Recorda-me as vezes que tive o privilégio de ter o mar aos meus pés. E vou ser tão mais grata pela oportunidade de voltar a surfar, de voltar à praia, ao meu lugar. Até lá, sigo e aprendo a viver sem swell.
Como bate forte a saudade de temperar a alma nas ondas…