Introdução ao hiking - Mar de Sal

Introdução ao hiking: o escape à falta de mar

Se antes passava a maioria dos meus dias no mar, agora tenho como cenário de fundo as montanhas. Confesso que fui até lá  mais vezes durante o inverno, também é mais longo, naturalmente, mas a verdade é que os Alpes são um lugar de passagem obrigatório. Eis a minha introdução ao hiking.

Para ser sincera, lá em cima, logo ali nos primeiros instantes com que me cruzo com a cordilheira alpina, torno-me humildemente pequena. É impossível não por os pensamentos em causa perante a mãe terra. E considero isto uma magia a ser vivida e aproveitada sempre que possível. É aqui que entra o hiking como um escape à falta de mar, de praia.

Sempre liguei o hiking ao passeio, atividade vá, para ser mais justa, dar uma volta a pé para os mais velhos. Mas a necessidade de estar perto da natureza fala mais alto. Sempre gostei de desbravar terra, tanto na secura de Montargil como no sudoeste alentejano, e no meio da verdejante paisagem helvética. O melhor então é deixar os preconceitos à parte e a partir à aventura.

Fronalpstock

A chegada a Fronsalpsptock

No ano passado, por esta altura, meti-me a caminho de Fronalpstock, no cantão de Schwyz. A ideia era subir de teleférico à volta de 1900 metros acima da altitude do mar para um primeiro pico. Dali até ao destino final seriam cerca de 3 horas de caminhada. Tivemos sorte, o tempo estava maravilhoso. Fui de calças de ganga e de ténis, erro de principiante, é preciso como tudo que envolva actividade física roupa indicada, em especial o calçado. Definitivamente há que ter botas de montanha.

Entre pedras, lama, escadarias, subidas e descidas estreitas, houve de tudo um pouco. Em certos momentos, o caminho era tão estreito, rochoso, que olhar para baixo era má opção mesmo não tendo medo das alturas. No entanto, confesso que a altitude e a caminhada mexeram com a minha respiração, o meu corpo não está habituado. Também, a maior parte das vezes, estive a suspirar pela inacreditável paisagem que pairava à minha volta o que esgotava mais rapidamente a minha capacidade pulmonar.

O lago lá em baixo, azul glaciar, o contraste com o céu escancarado de azul, as montanhas desenhadas em photoshop. Não há palavras.

A diversão nos Alpes

E depois, as descaradas vacas que atacavam o almoço dos caminhantes. Foi o acontecimento do dia. Aquela visão das vacas Milka, de sinos pendurados ao pescoço, a darem sinais do apetite pelo nosso almoço, sacaram-me uma gargalhada surreal. Até que, momentos mais tarde, quando já estávamos a terminar o intervalo de almoço – o ideal é levar mochila com comida leve, nutritiva, e água – uma grávida que ali passava decidiu aproximar-se de uma delas. Que fiquem tão incrédulos quanto eu, essa mesma vaca lambeu a barriga da grávida numa gentileza só vista. Resumindo, andámos de um pico da montanha para o outro e ainda tivemos tempo de socializar com animais, descobrir que o meu alemão é fluente com a altitude, que sou uma formiga neste mundo e muito grata por tudo que tenho direito a experimentar.

Uma vaca Milka nos Alpes

O hiking é desafiante porque nos obriga a caminhar por lugares de difícil acesso, a controlar a respiração, a falar menos e andar mais atentos com todos os sentidos. As pernas doem muito, alongamentos são essenciais, as descidas são muito mais difíceis do que as subidas, travar constantemente é um exercício exigente.

Depois disto tudo, fica a vontade de subir mais alto.

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